20 January 2012

Como a Kodak queimou o filme por não inovar


Por Márcio Delgado*
Sabe aquela máxima que todo mundo já ouviu de que ‘quem não se atualiza fica para trás’? a Kodak agora sabe o que isso significa.
A empresa, fundada há 131 anos e que desempenhou um papel crucial na transformação da fotografia em um passatempo popular, não conseguiu emplacar na era digital e, esta semana, anunciou a abertura de falência e pedido de proteção contra os credores. Em outras palavras: a Kodak queimou o filme.

Se há alguns anos atrás a Kodak ainda conseguia manter-se no mercado com as vendas de filmes e papel fotográfico, dois pilares da marca por décadas a fio, com o crescimento do uso de câmeras digitais e a avalanche das redes de relacionamento como Facebook e Twitter ir a um laboratório para revelar filmes ou fazer cópias de fotos virou uma prática pouco comum - especialmente entre o público mais jovem, avesso a guardar papel ou imprimir uma foto sem antes submeter o arquivo a um ‘retoque’ do Photoshop.

A Kodak ganhou destaque na última quinta-feira, dia 19, por ser uma marca que fez parte da infância e vida adulta de muita gente.
Mas diariamente, pequenas empresas fecham as portas em todos os lugares do mundo pelo mesmo motivo: parar no tempo.
Padarias que não inovam receitas porque acham que pão é pão, afinal de contas, se por gerações o negócio foi passando assim de pai para filhos e netos, porque mudar agora?
Restaurantes de família que não atualizam o cardápio por receio de perder os últimos dois clientes, provavelmente um casal de aposentados que freqüenta regularmente o estabelecimento desde 1940 e que mora nas redondezas, mas que não gasta o suficiente para cobrir a folha de pagamento.
O salão de beleza que não amplia as opções de tratamento e segue meses no vermelho porque os proprietários acham que beleza resume-se a manicure e corte de cabelo.
E o mais comum de todos os erros: empresas que desaprenderam a atender o consumidor, a fazer com que o cliente tenha uma experiência agradável ao comprar um produto ou usar um serviço.

A diferença entre estes pequenos negócios e a Kodak - uma empresa que entre outros feitos inventou câmeras de mão e ajudou o mundo a registrar as primeiras imagens da Lua – é que manobrar um transatlântico é bem mais difícil do que mudar o rumo de um barco. Há muito mais dinheiro (ou a falta dele) em questão, milhares de empregos em jogo e muito mais preocupação com o legado histórico da marca.
E a grade diferença é que, se para a Kodak provavelmente não há mais tempo de voltar atrás e refazer a história corrigindo os erros do dia-a-dia e a acomodação devido o sucesso obtido no passado, para milhares de pequenas empresas que ainda estão funcionando esse exemplo deve servir como um alerta, um click contra a letargia e o medo de ousar para acompanhar a evolução do consumidor.
O ano começou agora. Ainda há tempo de navegar rumo ao sucesso.


*Jornalista e consultor em Marketing e relacionamento com o consumidor.
www.marciodelgado.com

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