25 January 2008

Chicago em Londres, eu no Google.

Até que enfim fui assisti Chicago, o musical.

Já havia visto o filme há 6 anos atrás mas o teatro amplia a idéia neste caso. Excelente elenco. Valeu o ingresso caro e a noite de frio voltando para casa pelas ruas de Covent Garden, no centro de Londres.

Por falar em 6 e mudando de assunto: uma pesquisa recente, aqui da Inglaterra, revelou que 6 em cada 10 usuários de internet já procuraram pelo próprio nome no Google para ver o que aparecia. Fiquei curioso. Será que eu encontraria alguma linha sobre o meu trabalho na internet sem teclar nenhum site específico?

Curioso, fui testar. É uma coisa esquisita colocar o seu próprio nome no Google e aguardar alguns segundos. Normalmente procuro por nome de ruas, checo a escrita correta de algum termo, horário de trem e sobre alguma cidade que estou prestes a visistar. Mas daí ‘googlar’ nós mesmos parece narcisismo ou desvio mental.

Pois lá estava eu no Google: tem artigos, tem fotos, tem blogs para os quais escrevi no passado, vídeos. Tudo desorganizado, mas está lá. Encontrei outros Márcios Delgado na busca. Assaltantes, delegados, estudantes de arte, um escritor e até um publicitário mineiro.

Agora já posso dizer que sou parte das estatísticas e que estou na área. Sou um daqueles seis, que usaram o Google pelo motivo mais fútil do mundo: pesquisar a si mesmo no maior site de busca do planeta terra.

23 January 2008

Minha TV não cobre Hollywood

Em meio a holofotes, fama e dinheiro, jovens talentos estão deixando as nossas telas prematuramente. Algo anda errado em Hollywood.

Na semana passada, entre uma notícia e outra, li sobre a morte do ator Brad Henfro, 25, vítima de uma overdose. Parece notícia velha, eu sei, e todos nós já vimos isso antes: leia-se River Phoenix nos anos 80. James Dean. E por aí vai.

Hoje acordo, em Londres, com a notícia de que outro jovem e talentoso ator, o australiano Heath Ledge, morreu esta madrugada em Manhattan.

Tive que vasculhar os sites de notícias americanos porque, como era de se esperar, a mídia inglesa estava muito ocupada com assuntos locais para se dar conta de que outras coisas estavam acontecendo ao redor do mundo. Nem mesmo os tablóides, ávidos por qualquer mínima linha de fofoca, haviam dado a notícia até as 9.30 da manhã de hoje, quando as principais notícias na Europa ainda era Britney Spears, Diana e Amy Winehouse.

Conhecido de filmes como Brokeback Mountain e O Patriota, Heath não foi vítima de bala perdida, cancer ou acidente de carro.

Ao lado do corpo do ator de 28 anos foram encontrados remédios para dormir e a polícia de Nova Iorque estuda a hipótese de uma overdose.

Ligo a TV antes de encerrar o texto buscando apurar os dados para publicar o material.

Algo anda errado com a minha TV.

45 diferentes canais abordam de tudo. O clima. Como fazer uma pulseira de miçangas, futebol e um documentário sobre tecnologia e outro sobre famílias que tem animais de estimação. Tenho que esperar até o boletim das 10 da BBC porque overdose virou moda e, como todos sabem, moda é algo banal.

O noticiário do canal de maior audiência da país abre com uma matéria enfadonha sobre mercado de valores. Um assunto muito importante para o ministro da economia. Mas pouco digesto para a dona de casa ou estudantes que formam o público que liga a TV a esta hora da manhã.

Desconfio da emissora e percorro, com o controle remoto, mais três dezenas de canais. Acabo na BBC outra vez por falta de opção.

A essa altura, uma apresentadora de cabelo estranho e quilos de maquiagem, enfim, anuncia a morte do ator. Uma matéria mal editada de menos de dois minutos diz o que a internet já divulgou.

Não há comentários ou referência à outros casos, apenas a notícia limpa e direta, como quem avisa que alguem tocou a campanhia ou que a farinha está guardada no pote de tampa azul que fica na segunda prateileira do armário da cozinha. Uma informação precisa, é bem verdade. A BBC consegue em duas linhas informar sobre o pote, a tampa, onde colocaram o pote e o que tinha dentro. Mas sem explicar ... porque isso requer raciocínio.

Fica uma sensação estranha.
Descubro que a mídia inglesa não foi programada para suprir as minhas necessidades de telespectador, mas para passar o que eles querem, fazendo pouco caso da minha taxa anual para assistir TV na Inglaterra que passa de R$ 500,00. Sim, aqui se paga pela assinatura, pela TV e pela licença para captar o sinal do canal que você já pagou.

Fica uma sensação estranha.

Não estamos programados para ver gente jovem morrer. E quando não podemos culpar a política, a violência ou trânsito pela morte, fica ainda mais difícil justificar.

Dica do dia: O caçador de pipas

Filme do diretor Marc Forter (A última Ceia) que estreiou no Brasil e em Londres esta semana, ‘O caçador de pipas’ encanta pela sinceridade e por toda a história que fica nas entrelinhas, com lágrimas que ficam guardadas e palavras que, por deixarem para serem ditas mais tarde, acabam sem oportunidade de vir a tona.

O livro, que leva o mesmo nome, foi sucesso de crítica e vendas, com mais de dois milhões de exemplares comercializados só nos Estados Unidos.

Em tempos onde o nome Afeganistão é freqüentemente associado ao terrorismo e a figuras como Osama Bin Laden, a premiada obra de Khaled Hosseini dismistifica preconceitos mostrando um outro lado pouco visitado pela mídia: O caçador de Pipas traz uma história de amizade e lealdade, mostrando que mesmo no terror ainda há espaço para o humano, e que nem todo mundo que mora em um país em guerra é parte da mesma.

No Brasil, O caçador de Pipas, de Khaled Hosseini, foi lançado pela Editora Nova Fronteira.

Compre, pegue emprestado ou pelo menos assista o filme.
Mas não esquece de levar um lenço. Ou dois. Porque você vai precisar.