16 January 2011

Original ou retrocesso?


E não é que nestas indas e vindas da moda tem um movimento querendo ressuscitar a velha máquina de filme?

Sim, filme 35mm, de rolo!

Cansados da foto fácil, que tem catapultado qualquer pessoa a Mário Testino graças as maravilhas das máquinas digitais (aperta e pronto!), fotógrafos, artistas e amantes da arte acham que é hora de dar crédito a quem de fato saber tirar uma foto observando luz, cenário, composição de cena e todo este conhecimento que antecede o Photoshop, por exemplo.

O movimento é parte da onda vintage que tem estampado capa de revistas e invadiu os editoriais de moda do mundo inteiro com o discutível conceito de que ‘coisa boa é o que pertence `a um tempo que já passou’.

Curiosamente esta tem sido uma saga seguida a risca há muitos anos.

No passado, quando todos usavam cortes retos, tecidos mais aveludados e estampas florais, descolado mesmo era olhar para o futuro e sonhar com o sintético, borracha, tecidos industriais e assimetria.

Daí o futuro chegou.

E os meninos e meninas moderninhos de hoje buscam inspiração no baú e cozinha dos avós.

Do baú mesmo é a idéia do site lomography.com, oferecendo máquinas fotográficas, filmes e até um serviço para quem quiser scannear as fotos tiradas ao modo antigo e enviar por e-mail, colocar na internet, mostrar no Facebook ou arriscar um Twitter retro.

Não estou convencido ainda se é algo original ou apenas retrocesso de quem gosta de surpresas na hora de revelar um filme – o que no meu caso, sempre incluía fotos de pessoas sem cabeça, olhos vermelhos e sorrisos amarelos.

O digital talvez tenha roubado o cuidado com a estética porque sabemos que podemos ‘dar um jeitinho’ depois se não tiver ficado bom, conferir na hora e até mesmo apagar e fazer outra vez se for o caso.

Mas voltar ao processo de como registrávamos os nossos melhores (e piores momentos) é não ter a cabeça aberta e incorporar o moderno a sua forma de trabalho.

Coisa boa e tempo bom é o que acontece agora. Nem antes. Nem depois.

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