17 September 2015

A política precisa de um botão para ‘descurtir’



Por: Márcio Delgado*

Em breve o Facebook finalmente vai contar com um botão de ‘descurtir’ as coisas. Já fazia um tempo que vários usuários da rede social pediam por isso. As vezes alguém posta algo que você discorda – ou narra algo triste - e você não tem como ser solidário com a tragédia alheia clicando em ‘like’. Parece até que você ficou feliz de saber que alguém morreu ou sofreu um acidente (e tem gente que fica mesmo). Mark Zuckerberg, criador do site, revelou oficialmente que a equipe dele já está trabalhando nesta nova opção.

Eu acho que esse exemplo poderia ser aplicado, com sucesso, na política. Afinal, um mandato de quatro anos é muita coisa (em alguns países são cinco anos) para aturar político ruim. As pessoas mudam, a vida muda. Assim como a nova ferramenta do Facebook, deveria existir uma lei que, anualmente - ou pelo menos a cada dois anos – os eleitores teriam que retornar as urnas para re-confirmar o voto com um ‘curtir’ ou simplesmente ‘descurtir’ o candidato eleito, com a possibilidade do político ser removido do cargo em caso de rejeição em massa.

Para início de conversa, isso seria um teste de democracia e popularidade. E além disso evitaria greves, passeatas, ‘panelaço’ e impeachments demorados ao longo dos mandatos.

Existe uma palavra em direito que tira o sono de muito advogado e juiz. Ou faz com que eles tirem vantagem disso ao decidir um caso. Chama-se precedente, e na esfera judicial isso funciona mais ou menos assim: um processo anteriormente julgado, acaba servindo de modelo para novos casos que vêm depois. A forma como algo foi interpretado previamente, como um dos lados ganha uma causa e como o outro é obrigado a pagar indenização tem, em sua maioria, base em precedentes que agradaram a sociedade usando a legislação e o bom senso como balança.

Tomara que esse novo botão do ‘não curti’ abra um enorme precedente para que a política seja revista um dia. Não diminuindo um mandato pela metade porque em dois anos não se muda uma cidade, um estado ou um país. Mas possibilitando que os mesmos eleitores que votaram, possam ser convidados a avaliar quem está no poder de forma simples e legal.

O primeiro candidado que apresentar este projeto de lei já tem o meu ‘curtir’.

................................................................................................................................ *Márcio Rodrigo Delgado é jornalista e consultor de mídia e Marketing, em Londres.

Twitter: @marcio_delgado | www.marciodelgado.com

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