26 April 2014

Vingança dá muito trabalho: Blue Ruin

O bom de festivais de cinema como o Sundance Film and Music Festival, realizado em Londres no último fim de semana pelo quarto ano, é que você nunca sabe o que vai encontrar pela frente.

Embora o programa mencione a presença de nomes famosos de Hollywood, como os atores Michael Fassbender e Ryan Raynolds, geralmente o melhor fica por conta dos filmes com menor orçamento, como Blue Ruin, escrito e dirigido por Jeremy Saulnier e que com um enxuto investimento de pouco mais de $400 mil dólares – parte deles arrecadado através da internet - é uma receita de como deixar o telespectador inquieto e com aquele agoniante frio da barriga que só os bons suspenses dos velhos tempos são capazes de provocar nos dias atuais, onde sequências e efeitos especiais tentam disfarçar a ausência de qualidade e conteúdo.

Blue Ruin, a história de um homem comum, Dwight, que retorna a sua pequena cidade do interior dos Estados Unidos para vingar o assassinato dos seus pais, pertuba até quando os personagens não estão fazendo nada. Este silêncio das entrelinhas e o suspense costurando atentamente cada cena, mantém o foco numa história que já foi inumeramente explorada em filmes de ação com nomes de peso como Jason Statham, Schwarzenegger ou Sylvester Stallone.

O ator americano Macon Blair segura os 90 minutos do filme misturando humor e interpretação simples, que vai na contra-não do que um típico herói de filmes de ação e vingança faria. Em uma das cenas, quando é atingido por uma flecha (isso mesmo: uma flecha) Dwight até que tenta, por alguns segundos, fazer o que todo bom Rambo faria: dar um jeito nisso com as próprias mãos. Mas desiste minutos depois e resolve ir mesmo para o pronto socorro levar uns pontos na perna.

Blue Ruin também cativa pela forma despretenciosa com que aborda a estupidez de devolver na mesma moeda, endorssando a máxima de que ‘violência gera violência’ e consome muita energia e tempo, dando o maior trabalho para todos os envolvidos.

Aos 39 anos, Malcon Blair pode até ser perdoado por ter feito um filme chamado Gretchen, em 2006, que embora não tenha nenhuma ligação com a cantora brasileira, também não adiciona muito ao currículo do ator. Com papéis menores, mas adicionando drama e autenticidade a obra os atores Amy Hargreaves e Devin Ratray completam um projeto que tem deixado platéias de diversos festivais ao redor do mundo roendo as unhas.

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